Estrela Guia
Vai guiado pelas estrelas. Pelo deserto chamado vida, segue aquele ponto luminoso. Espera que o leve a algum lugar e não perde a esperança. Passa por todos os desafios; se machuca, sangra, adoece.
A cada dia mais fraco, mas a estrela chama. A cada dia tudo fica mais noite. Mais escuro.
Espera uma recompensa, espera um sinal, uma ajuda, mas avança. Avança como se fosse a última coisa que precisasse fazer. Passa por espinhos e lamaçais. Passa por tornados e terremotos. Tempestades. Cadê o sol? Onde está a luz do fim do túnel.
Afasta logo tudo isso da cabeça. Precisa continuar. Nem uma lágrima pode ser derramada. Nenhum cansaço, suor, cãimbra o pode parar. Nenhuma cobra ou veneno.
Tormentas, demônios, pecado. Prisão, paredes.
Caminho de pedras. Calos, pés machucados.
Mas o brilho não o deixa desistir. Cai, uma, duas, três vezes. Espera uma ajuda.
Não vem. Tem de continuar.
O ar lhe falta. O calor sufoca. Tenta correr, mas só engatinha. Escorre por entre a areia como os raros veios de água no deserto.
Espera um oásis como que último socorro.
Aquela brisa bate e conforta. Aquele vento como um sopro para toda a dor.
Por mais sobre aquele morro. Por mais sobre ele e encontrará a paz a conforto.
Últimos esforços. Últimos suspiros e forças. Se arrasta.
A mão agarra a beirada. Puxa o corpo e espia o outro lado.
Um grande vazio. A estrela parece mais longe. A miragem da vida o engana mais uma vez.
Tenta respirar fundo e puxa somente um ar de tristeza. Se põe de pé como que o último esforço.
Um pé na frente do outro e se deixa levar pelo peso do corpo e pela esperança que é a última coisa que lhe resta...
domingo, 21 de fevereiro de 2010
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