sexta-feira, 26 de março de 2010

Olho no espelho e, apesar de ninguém ver, noto as marcas que o tempo, muito tempo, fez em mim. Os secos caminhos por onde outrora passaram lágrimas. Cada cicatriz invisível mostrando todas as vãs brigas que tive com o Destino. O sorriso escondendo todo o amargo que se esconde em meu íntimo, e todos os pedaços remendados de mim, como cola e fita num brinquedo velho.

terça-feira, 16 de março de 2010

Uma beira-mar, com a areia mais fina, branca e pura. Sentado, vemos o céu. Uma fogueira, e o som de nossos violões harmonizando com o som das ondas. Uma Lua, e nossas vozes rimando com os sons noturnos da natureza.

Nossos olhares nos unirão. Todos os pontinhos do céu seriam nossas testemunhas e convidados. A melodia, nosso canto de cerimônia. Os pássaros, nosso coral encantado.

Damos as mãos, e caminhamos com os pés na água, na marcha nupcial de encontro ao nosso Destino. E nossas juras serão as mais simples e sinceras palavras, já que nossos corações já se comunicam. E quereremos que o tempo parasse. Quereremos essa noite para sempre.

Então deitamos e inventamos constelações. Seriam como nossos filhos eternos. E a cada traço de minúsculos grãos do Universo que cruzasse o manto negro da noite, nenhum desejo faremos, porque aqui temos tudo que precisamos. Um o outro.

E então, o nosso despertar com o raiar do Sol nos dará a certeza que tudo aquilo não foi simplesmente um sonho e que temos a Eternidade só para nós.


quarta-feira, 10 de março de 2010

Fecha teus olhos. Uma venda será carinhosamente posta. Um suave medo, talvez receio, te alcançará, mas entende, isso é parte deste jogo.
Colocar-te-ei delicadamente na cama.
Sentirás tocar tua espádua pétalas da rosa mais macia e o leve ar quente com as palavras mais sutis chegarão aos teus ouvidos.
Um tremor percorrerá todo o teu corpo, um terno beijo em tua nuca te fará abrir de leve a boca num suspiro contido. Minhas mãos tocarão de leve teu rosto, escorregando lentamente para o teu pescoço.
A ponta dos meus dedos afastarão as alças de teus ombros quando então, lentamente, descerei por tuas costas com beijos em cada curva de teu corpo, e nem os melhores dos teus sonhos se parecerá com o que se seguirá...

terça-feira, 9 de março de 2010

... é que sempre vem aquele medo de novo. Um novo recomeço para mim foi sempre o começo de um novo fim tristonho. Então não deveria nem usar a palavra medo; devo usar, talvez, deixe-me ver... angústia? Receio? Algo entre as duas.
Mas você veio, e isso não pode ser ignorado. E tão de repente. E tão doce, o que me é perigoso. Seria isso o 'depois da tempestade'? Seria a 'luz no fim do túnel'?

Não, não temos todo o tempo, ou muito tempo. Para mim infelizmente não é assim. Aviso-te, sou complicado, meu ser é difícil. Mas quem sabe é a que entenderá meu íntimo.

Alongo-me em melosidades demais. Meu jeito. Nosso jeito.

É o caminho? E qual é a estrada?
Eu quero mesmo são atalhos...

segunda-feira, 1 de março de 2010

Há muito tempo a semana não começava com chuva. As nuvens cobriram a linda Lua cheia ontem, mas o céu de sábado estava maravilhoso.
As boas companhias e uma garrafa de vinho vagabundo, junto as palavras jogadas fora, ajudaram a afastar o maus pensamentos.

A vento voltou à minha cidade, honrando seu antigo nome. O frio da madrugada me lembra alguns pesadelos, mas eu gosto do clima que isso proporciona. Caminhadas noturnas que vivi em sonhos, com vultos e espíritos querendo se comunicar de alguma forma. E as mensagens que chegam com o sopro e sussurros do ar nos meus ouvidos, são tão enigmáticas como os mistérios remotos do passado. Talvez sejam sussurros de outrora que ninguém nunca tenha ouvido. Talvez sejam somente sussurros da minha própria mente que eu nunca havia parado para escutar.

O piano de Chopin que entra em meus ouvidos proporcionam uma momentânea paz. Minto. Cada nota ecoando é uma mistura de apertos no peito. Fecho os olhos e consigo imaginar o surrealismo romântico que cada passagem expressa. Quase sinto-me sentado em frente as teclas expressando cada tempo da melodia. Cada pequeno som se manifestando nas cordas e na alma. Cada batida ditando o ritmo do âmago.

Fora isso, o dia apático, a espera de algo, me afeta. Espero mensagens que não chegam, espero resultados, e resoluções. Culpa é sim, da minha comum inércia. Será a passividade um problema? Nunca encarei dessa forma. Imagino-me um grande ímã para conhecimento. Ímã esse que agora realmente parece gasto. Parece-me mesmo necessário levantar, e ativar esse espírito ocioso. Necessário explorar mais a possibilidades. Explorar o potencial que todo o Universo tem a oferecer.

Ah!, mas quando esse pensamento se refletirá no meu corpo? Imagino ainda a manhã que acordarei e tudo ficar tão claro e simples, e se descortinará na minha frente todos os fatos e passos a seguir. E como é, qual palavra... angustiante - talvez -, pensar nisso tudo.

Devaneios demais para um dia...